Perante a crescente polarização e proliferação de conflitos à escala mundial, a Cooperação para o Desenvolvimento pode ser entendida como uma via de diálogo e de acção, assumindo um papel na procura de respostas positivas e construtivas para a promoção da paz e do desenvolvimento sustentável. Esta política tem também um papel a desempenhar na prevenção de conflitos, sempre que contribuir para a promoção da criação de instituições e de políticas favoráveis aos direitos humanos e ao Estado de Direito.
Os conflitos actuais, sobretudo os mais mediatizados e com grande impacto global como a guerra na Ucrânia e no Médio Oriente, têm consequências devastadoras para as suas populações e para os equilíbrios entre regiões e entre diferentes pólos. Para além destes conflitos, os focos de tensão e conflitos prolongados noutras partes do mundo, nomeadamente em países africanos, têm também um efeito desestabilizador e constituem um bloqueio ao desenvolvimento. Na décima edição da Mundo Crítico – Revista de Desenvolvimento e Cooperação, procuramos questionar de que forma os processos de desenvolvimento são afectados pela guerra e pelos conflitos latentes. O “subdesenvolvimento” é factor de conflito em si mesmo ou há outros factores a contribuir para essa condição? Por que existem conflitos “esquecidos” ou ignorados? Que papel pode desempenhar a Cooperação para o Desenvolvimento e os seus diferentes intervenientes em Estados em situação de grande fragilidade institucional ou em conflito? E como agir perante a tendência crescente de securitização da política da Cooperação para o Desenvolvimento?