Os meus pais apaixonaram-se numa pista de dança em Quelimane, Moçambique.
Ele esteve lá no auge da ocupação portuguesa de Moçambique, fazia parte das forças armadas e a minha mãe era uma mulher moçambicana local.
Estava destinado a regressar a Portugal.
Com a independência em 1975, o Partido Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) ordenou aos portugueses que abandonassem o país no prazo de 24 horas.
Ele ficou e apaixonou-se.
As minhas imagens tentam dissecar e navegar pelos efeitos do colonialismo e da migração, a partir da história muito pessoal da minha família. Aborda três aspectos: família, migração e a história dos africanos, utilizando arquivos familiares e as minhas próprias imagens. Tento investigar como os africanos se tornaram o resultado de misturas, migrações e colonização, histórias misturadas e padrões repetidos, e desta forma desvendar a minha própria identidade africana.
O uso da colagem exagera e enfatiza esta história, por vezes, as imagens de família são literalmente colocadas em cima das cenas do Moçambique moderno, lembrando numa justaposição de passado e presente. Utilizei a colagem como forma de construção de um passado e da percepção da minha própria identidade.