“Os mais velhos e os mais novos de Bissau Velho” – uma exposição

Adriano Miranda

Estudou na Cooperativa de Ensino Artístico Árvore no Porto e no Ar.Co em Lisboa. Fotógrafo do Público desde 1996. Professor e formador na área da Fotografia, tem livros publicados e está representado em colecções em Portugal e no estrangeiro. Faz parte do colectivo 121212 que realizou um levantamento social de Portugal no ano de 2012 e, em 2017, publicou Carvões de Aço, sobre mineiros do Pejão, em Castelo de Paiva.

A mão grande

Existem lugares em que o olhar nos remete constantemente para o passado. São lugares de história. A velha Bissau é assim. Um mistério. As casas, as ruas, o porto, as pessoas. Tudo é agitado, tudo é presente e tudo é passado. Para um fotógrafo é um lugar magnífico. A Fotografia gosta dos pigmentos, das rugas, dos cheiros, da franqueza. Ali temos tudo isso. Em cada esquina. Em cada barbearia. Em cada café. Em cada passeio.

O povo alimenta os quarteirões com os negócios, com as amizades, com as vaidades, com as irreverências, numa agitação por vezes perturbante. Sou branco. De máquina fotográfica ao peito. Olhado de lado por vezes. Olhado como amigo tantas outras. E depois, vem o sorriso comprometedor. O primeiro abraço que é o último. E depois ouço as histórias de vida. Comovo-me. E o branco que sou eu, ensinado desde a nascença, que os povos têm direito à sua independência, fico grato pela mão grande que aperta a minha mão pequena. Como irmãos.